- Todo o pessoal ao briefing room!! Ouve-se de um altifalante, em som estridente sem aviso.
Sobressaltados, eu e o co-piloto lá chegamos à sala, já apinhada de curiosidade dos que já se encontravam ali presentes.
- Meus senhores… (inicia o comandante) as equipas de reconhecimento conseguiram finalmente localizar as rampas de lançamento dos infames foguetões que todos nós conhecemos os terríveis efeitos, as V2.
Deixo de ouvir o comandante.
Na minha cabeça revejo apenas o que ainda há pouco tempo presenciei num hospital civil, as inúmeras vítimas inocentes de uma arma de terror indiscriminada.
Esta sim. É a missão.
Saio da memória, só a tempo de ouvir o ultimo parágrafo do Sr. Comandante:
- ….E deverão ainda esperar forte resistência inimiga…tanto com fogo antiaéreo, não sendo de excluir caças inimigos em elevado numero, devido a importância das instalações designadas como alvo.
Já na messe, o copiloto comenta comigo:
-Tás pensativo…há problema?
- Já viste a fuga de óleo que temos num dos veios do hélice? Pergunto-lhe; Até o chefe da manutenção do hangar disse que não arriscava a voar assim.
- Ficamos. Afirma desalentadamente.
- Não; não nesta missão, quantos mais formos às V2, melhor. Ao menos que os civis fiquem libertos desta praga.
- O que mais te pode acontecer, digo-lhe em tom de brincadeira, é caíres nos braços de um enfermeira do imimigo…toda jeitosa e amiga….
- Quero lá saber disso!! Diz em tom arreliado, numa clara alusão ao desprendimento que (quase) a relação a tudo e a todos o caracteriza.
Não podemos esquecer que já perdeu nesta guerra demasiados familiares muito próximos, de uma forma totalmente inesperada.
A guerra endureceu-lhe a alma ao longo dos anos.
.
Depois de algumas reparações (devidas ao co-piloto do Sr. comandante), que mesmo assim procura embirrar com tudo e com todos, já se encontra a B-17 no seu hangar.
Na messe os artilheiros estão pensativos, num meio-silencio pouco habitual, antes da missão.
Decerto acorre-lhes à memória, um momento, em que uma estranha aeronave sem hélices, com um som muito agudo passou a uma velocidade tal que mal a conseguimos ver.
Numa passagem “á pele” a dita aeronave abanou a B-17 como se fosse de papel, tal a massa de ar que deslocava.
E decerto que pelo menos algumas destas aeronaves estarão à nossa espera sobre este objectivo.
Valha o nosso esforço para que possamos fazer a diferença.
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