terça-feira, 12 de outubro de 2010
De volta às caldeiras
Estão de volta os fogueiros.
À sala das caldeiras do navio chamado de sociedade, chegam com alarido; Com outros protagonistas partem , para uma viagem, em que se tudo correr bem só terminará no fim do mês de Junho.
Mais fogueiros, de outras viagens passadas, surgem na imensa sala, que ganha vida à medida que a partida se aproxima.
Tudo continua igual.
Comento com alguns dos outros fogueiros, a razão de terem retirado uns pequenos bancos que serviam para dar um pouco de descanso aos pés, entre algumas pás de carvão lançadas para dentro da fornalha.
- Foi depois de uma visita à sala das caldeiras, por parte de um oficial novo. Afirma um dos fogueiros.
E continua.
- Olhou para os bancos e disse que isto era para trabalhar, não era para estar sentado.
- Pois, é pena que esse “senhor” nem sequer sabe o que é o peso de uma pá carregada com carvão – comento
Um dos fogueiros mais veteranos, em tom pesado, afirma: - Como vamos aguentar isto agora??
Numa das suas pernas, uma profunda e extensa cicatriz, delineava o local por onde tinha sido retirada uma veia, por motivos médicos.
- Não, isto não fica assim – afirmo.
- Vamos expor o que se passa; Podemos ser fogueiros, mas merecemos ser tratados com o mínimo de condições, se um navio necessita de um comandante, também não navega sem os seus fogueiros.
As nossas obrigações significam direitos; Tal como o sol e a lua formam um dia entre eles.
Abdicar de um deles é perder o outro.
Fala-se com o chefe da sala das caldeiras, mas não sabe de nada.
- Não têm problema...alguém há de saber...
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