domingo, 9 de maio de 2010
A Estrada da Memória III 10-May-2009 23:21
Está igual, confusa com o presente, mas sempre se encontra.
O despótico patrão do passado vim a saber, tramou-se.
O local de trabalho continua o mesmo e nas mesmas funções que eu à altura encontro um Jovem Palestiniano a quem desejo as maiores felicidades, a ele e a sua pátria, arrebatada.
Tal como em 1993, em que partilhavam comigo o mesmo local de trabalho diversos refugiados da Bósnia, fugidos a violência da guerra, que se interrogavam a razão de eu estar assim tão longe do meu país, eu era um “refugiado económico”- que procurava melhores condições de vida – a verdade é que passados 16 anos tenho que trabalhar por três turnos rotativos para conseguir ganhar praticamente o mesmo ordenado que tinha nessa altura na Alemanha.
“A Pátria é o local que nos acarinha no seu regaço e em que nós ao sentir esse amor e dedicação, estamos sempre dispostos a retribuir” – e contribuir também, para um bem comum, infelizmente cada vez mais perdido numa sociedade individualista.
Impõe-se a comparação de um tio-avô meu, somente filho do meu Bisavô criado pela minha Bisavó, sua madrasta.
Quando recebeu a notícia que a mãe biológica tinha falecido, respondeu – “ a minha mãe (sua madrasta) já faleceu há muitos anos”.
Novo acesso a net, para verificação do e-mail, numa atmosfera do filme Matrix, visto tratar-se de uma sala de jogo, todos electrónicos e onde interagem com humanos já numa relação de dependência….até que…toca o meu telefone com a musica do Indiana Jones; Todos param, levantam a cabeça dão um sorriso e depois lá voltam as suas tarefas.
Valeu bem a pena este momento...ao menos durante alguns segundos aquele local perdeu a atmosfera pesada.
Faz-se sentir algum fogo de antiaérea já no sul da Alemanha que nesta viagem tomam a forma de olhares femininos sedutores, intensos e penetrantes dirigidos a mim (que o meu ego aprecia) e dos quais o meu co-piloto queixa-se constantemente, sentindo a ameaça no ar.
Descuido-me um pouco mais, dou por mim com um desses olhares tal caça ME 109 frente a frente, que abre fogo com o poderoso canhão de 30mm, belo e implacavelmente mortal.
Deixa-me sem acção. Mergulho no olhar. Não resisti. O Co-piloto está doido. Têm razão.
Voam pedaços de alumínio da fuselagem por todo o lado. Parece que está tudo em perigo, mas não está.
Até os artilheiros se apercebem do sucedido. Eles e o co-piloto vão comentar isto durante muito tempo…jocosamente umas vezes, em tom chateado outras, com o que aconteceu.
Também lembro o episódio, mas de outra forma. O ego alimenta-se de tudo, quer tudo e acaba sempre por tramar o indivíduo.
Chegamos a um porto de abrigo e estamos de licença.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário