domingo, 9 de maio de 2010

20 anos 18-Feb 04:10 2010


Há 20 anos, neste mesmo dia caminhava, na berma de uma estrada, para uma carreira nova.

Deixei o liceu, incompatibilizado com um sistema de ensino que nada tinha de útil para transmitir aos alunos, como ainda hoje se verifica.

Na bagagem iam todos os sonhos de uma juventude com 17 anos, acredita no futuro com grande optimismo e esperança.

Não foi assim – afinal as hipóteses de carreira eram nulas e praticamente todos os 50 jovens voluntários acabaram fora da vida militar, em carreiras que pouco ou nada tinham a ver com o que lhes tinha sido “apresentado” em anúncios de televisão promissores do género “vêm voar convosco” mas que na realidade eram um apelo de mão-de-obra barata, e perfeitamente dispensável, assim que fosse conveniente, como se veio a verificar.

É claro que este processo transformou as vidas de todos profundamente, quer pelo corte radical com os estudos em que muitos ficaram pelo 9ºano, com o estigma social a que corresponde hoje, onde o 12º ano de escolaridade é visto como um semi-iletrado, onde só um curso superior corresponde às habilitações mínimas aceites em sociedade.

Passados 20 anos, faz-se, um balanço, olha-se para o passado e tenta-se vislumbrar o futuro.

Não dá, para vislumbrar nada em relação ao futuro.

Porquê? Imagino-me nessa estrada que percorri, no dia 18 de Fevereiro de 1990 e encontro-me subitamente com uma personagem desconhecida, que me diz tudo aquilo que se vai passar até ao dia 18 Fevereiro de 2010.

Tenta-me descrever todos os amores, todas as experiências, todas as descobertas, alegrias e tristezas.

Afasto-a para o lado essa personagem, chamo-a louco, tenta ainda convencer-me a voltar para trás e não me apresentar para a recruta.

Não a escuto e continuo em direcção à Porta de Armas, ao futuro. Tal como agora, o caminho do futuro é sempre o desconhecido, feito de imprevistos, e de poucos “previstos”.

Essa é a única certeza que resta.

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