domingo, 22 de janeiro de 2012

A tecnologia que nada alterou.




Quase no centenário do afundamento do bem conhecido “Titanic” eis que novamente um navio é palco de um enorme drama.

Em Abril de 1912, partia para a sua viagem inaugural, um navio inafundável, como era considerado por todos, inclusive o seu comandante.

Não chegou ao seu destino. Perderam-se 1500 vidas.

Actualmente os navios de cruzeiro têm praticamente o dobro da lotação entre passageiros e tripulantes. Todos os sonares. Todas as tecnologias. Praticamente à prova de tudo.

Excepção feita à condição humana.

Que pela força do hábito, cai na rotina e facilita.

- Um pequeno problema electrico; Afirmaram agora.

Facilmente comprovável, nas imagens que nos chegam, de um gigante tombado sobre o seu dorso, tal baleia que inesperadamente deu à costa, para um infeliz destino.

Em 1912, outros actores no palco da vida, desempenharam o papel desta tripulação, informando os passageiros do Titanic, que uma pá da hélice se tinha soltado. Nada de grave.

A tragedia humana não atingiu nos dias de hoje um total tão elevado como em 1912, mas não deixa de ser uma terrível perda de vidas, totalmente desnecessária, para quem num descontraído cruzeiro procurava alguns momentos agradáveis, ou como no caso da tripulação, uma forma de sustento um pouco melhor.

Sobre a tripulação e comandante do Costa Concordia, os factos falam por si.

Há 100 anos ficaram praticamente todos no Navio.

Agora não, mas não é com as pantufas frente à televisão que se podem atirar críticas fervorosas.

É nesses momentos; Quando fazemos parte da acção.

Dentro de ti surgirá o Francesco Schettino; Mas também o comandante Edward J, Smith do Titanic.

Uma das atitudes irá prevalecer.

O navio será o teu palco, ou o prédio onde habitas, ou mesmo a empresa onde trabalhas. O cenário não interessa muito.

Quis o destino, que neste mesmo ano, e neste mesmo mês de Janeiro, esteja a ver uma casa centenária de família, em plena lisboa, datada de 1921, a sofrer um semelhante destino.

Um local muito especial para mim, onde sempre convivi em grande alegria com a minha família, encontra-se agora literalmente a afundar-se a caminho da destruição pelos interesses imobiliários que tudo podem.

Praticamente desprovida das suas fundações, pelas obras que mesmo ao lado a castigam sem descanso, a velha casa, tal navio ferido de morte, caminha para o seu inexorável destino.

Os meus familiares apressam-se a lançarem-se para um salva vidas, com alguns dos seus haveres, a que eu tento acudir com a minha ajuda, com algumas lagrimas que teimam em escorrer pelo meu rosto.

Mesmo feita em escombros um dia, as alegrias os bons momentos vividos, jamais os poderão tirar.

Essa é a única riqueza que realmente podemos ter.


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