domingo, 9 de maio de 2010

Viagem, o elemento eterno...01-Sep-2008 21:36


Do início da vida até ao fim...eis o seu nome… Viagem...

Com períodos de maiores dificuldades, com alguma monotonia, surpresas, alegrias e desilusões....

Parado ou em andamento mas sempre sem viagem, eis o que o ser humano designa por vida.

Quebrem os computadores, as televisões e já agora juntem-lhes os GPS e telemóveis, sim, tudo será mais difícil, uma morada, um contacto, mas muito mais recompensador.

As notícias, encontrarão num jornal, se ainda tiverem curiosidade para tal, o tempo passa a outra dimensão, da rotina para o desconhecido.

Dificuldades? É claro.

Fazem parte do todo, mas pequenas, que obriguem a acção, à reflexão, ao repensar do todo, valioso exercício, de grande valia na viagem que é a vida.

Partir para essa incógnita, sempre !!….Regressar com toda essa experiencia, a uma rotina, ao dia a dia, Não.

Argumenta-se que a viagem só faz sentido com o regresso…altamente questionável….no mínimo….se é assim porque é que não existe o desejo de voltar?? 4700 km’s em 9 dias…são dores nas costas, cansaço, noites pouco dormidas, pois estou em viagem…perco a fome e quando vou à balança, naquilo a que todos designam como casa (mas eu não) perdi quase de 1 kg de peso…

Paisagens de sonho, terras bonitas, sorrisos lindos….bem….desses, sim ;)

Pessoas que te ajudam, pessoas que tu ajudas...é assim

Continuas, sentes o frio da montanha à noite, o aconchego da cama, quando o cansaço te lembra que é altura de parar, e de manhã, segues, e descobres um novo dia.

Descobres, não acordas.

Acordar; Acordar é em casa, com todos os confortos e desconfortos que isso acarreta…na viagem descobres…que o jardim (tranquilo) onde puseste a tua caravana é afinal um cemitério…e apesar de tudo o que sempre te disseram, sentes-te com uma serenidade incrível que afinal nunca tiveste em casa….

Estrada…locais de visita, museus, sucedem-se como estivesses em casa…mas a sonhar…o tempo não é muito, há que continuar…..

Tira-se as medidas….ao veiculo…afinal há muitas estradas em que não cabe nem de altura nem de largura…em Béziers fica-se com uma pequena ideia de quanto mede…antes de pegar na fita métrica…

Pelo percurso abre-se sozinha a porta do frigorifico com grande estrondo, que o cansaço esqueceu de fechar… vá lá, o Tuperware da sopa não se abriu…

E perdes-te quantos sais no meio de centenas de veiculos iguais ao teu…vá a antena de televisão é a única, tipo veículo de exploração lunar…e logo o reencontro!

Confiante nas medidas, com o calor a apertar (a viagem não quer estadas demoradas….) tentas o parque de um shopping center, pois precisas de comida, ciente de todas as dimensões….outro estoiro desta vez em cima, sentes-te como estivesses na Apolo 13, só que aqui não há Houston….

Foi o reservatório de oxigénio? Não… Mas pensas nos painéis solares… (sim, o veiculo tem isso…) estarão danificados…?

Todas as outras viaturas reconhecem através dos seus donos que estas em sarilhos…e ajudam-te….facilitando em muito as tuas manobras.

Avaliação de danos, tudo bem…foi só a tampa do ventilador que parece ter desaparecido (estava caída no imenso tejadilho) reparações impõem-se…há pedaços de plástico…mas as placas solares não sofreram nada….

Perto, uma oficina, e tal monge da sopa da pedra, que de nada vai pedindo uma coisinha mais, lá finamente consigo acertar a pressão dos pneus, e de (muito) bamboleante e instável fica sensata e mais certa, no seu comportamento.

A tampa do ventilador lá voltou ao seu sítio nesse mítico local da história do automobilismo – Le Mans


Vêm o regresso, e com ele a tristeza, o voltar, que afinal toma outros contornos…o céu chora com pena que vás de regresso, e na verdade não sabes quando é que poderás voltar à viagem, a mecânica queixa-se, impacienta-se, enerva-se, e tu com ela. ´

Vêm as filas de transito num local bonito, com muitas praias, e cujo farol, assinala-te sempre à distancia uma dimensão em que o teu mar é o tempo…longos 8 anos passados deste a ultima vez em que viste o seu brilho...Ruas apertadas, paisagens bonitas, há que seguir….

Ao fim de 8 dias o veículo já se queixa, na sua ladainha, que cada vez toma um tom mais alto, e tal esposa descontente vai dando outros sinais …(caem porcas e parafusos por vários lados…)

Parece que também não quer regressar, como tu, mas está a ser criança…é uma birra está visto, a continuar assim, vai dar sarilhos a valer, hum….vais direitinha a casa tá visto…com poucas ou nenhumas paragens….

Pela primeira vez, quis eu chegar da viagem…não deixando de parecer, os km’s sempre poucos, ou quase nenhuns para aquilo a que é designado como “casa”.

E….terei de esperar muito tempo pela Viagem ???

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