domingo, 9 de maio de 2010

A Estrada da Memória I 10-May-2009 23:21


16 Anos depois, sem nunca lá ter voltado uma única vez, eis-me de volta aos locais que pertenciam a uma realidade, viva apenas na minha memória.

Com cerca de 3500km’s percorridos reencontrei esses locais de mera vivência, à altura gravados na memória, que insistentemente os relembra em muitos dos momentos em que designamos por presente.

Inicia-se assim “a viagem” depois de uma grande azáfama de preparativos, tal Nau que se apresta, sendo configurada da forma que se julga a mais adequada. Com novas variáveis (motivadoras de um cuidado extra, e totalmente experimentais) percorrem-se os primeiros Km’s, e chega o primeiro reabastecimento.

Humm….ainda agora começamos…e já na bomba de gasolina perto de Cáceres aparece um alucinado com um olhar raiado de sangue com um ar de totalmente louco, Bêbado talvez….veremos se não vai dar que fazer…. Dirige-se a mim, não cheira a álcool… -“Bonjour” diz-me… pergunta-me se falo Francês… “Oui, un peut…” – respondo.

Tal soldado Napoleónico, perdido na vastidão das planícies de Espanha, completamente passado dos carretos, procura em desespero, um Camping onde ficar….é dizia-me “os Espanhóis não explicam nada, só falam Espanhol….se eu sabia de algo do género por ali….” –“Vou mais para norte, paraValladolid,nãoconheçonada poraqui” – informo - o que ainda lhe renova ainda mais o desespero, em que um empregado da bomba da gasolina, em tom condescendente lá me diz que existe um parque perto, que logo traduzo e transmito; o que muito me agradece, e lá parte com as suas tropas para esse “suposto” Camping, denotando ainda muita intranquilidade.

De volta à Estrada, cai a noite profunda, amanheço já em perto de Donastia, e surpreende-me o frio, ao sair de manhã para as verificações técnicas mínimas que se impõem e, ao descer mais do que um degrau de cada uma vez do submarino, fico estendido no chão com uma canela a cantar alto….apesar de doer (e bem) começo-me a rir….então seria uma queda destas que poria tudo em causa. Não!!

De qualquer forma as dores que fui tendo lembraram-me que o desfecho poderia ter sido outro…lá continuamos… França…. e suas estradas nacionais, paro junto a uma “Pâtisserie”, que apresenta doces de fazer inveja a muitas “ditas” pastelarias…lá esqueço as tortilhas de arroz que (deveria) comer…por alguns (doces!!)momentos.

Pelo Loire aproveita-se para dar um abraço a um amigo, e segue-se viagem, em direcção ao norte à Alemanha, com tudo o que significa de desconhecido, passados tantos anos, num tom, tal tripulação novata de uma fortaleza voadora, sabendo que a “missão” ainda está prestes a começar….e que decerto que a Alemanha reserva algumas surpresas…veremos….

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